sexta-feira, 26 de março de 2010

Exposição "Da 1.ª revolta republicana ao 5 de Outubro - Resultados do questionário

Cerca de duas dezenas de alunos da Escola participaram no passatempo "Descobre nos cartazes", relativo à Exposição "Da Primeira Revolta Republicana de 1891  à Implantação da República de 1910", que esteve patente no átrio do bloco C da nossa escola.
As respostas às questões colocadas são as seguintes:
1. Cidade do Porto, 31 de Janeiro de 1891.
2. Manuel Buiça e Alfredo Costa.
3. 16 anos.
4. Bernardino Machado.
5. António Maria da Silva, Afonso Costa e José de Castro.
6. Os dois governos com maior duração: n.º 15, de António José de Almeida (15/3/1916 a
25/4/1917) e n.º 5, de Afonso Augusto da Costa (9/1/1913 a 9/2/1914);
Os dois governos com menor duração: n.º 24, de Francisco José Fernandes da Costa (15/1/1920 a 15/1/1920) e n.º 25, de Alfredo Ernesto de Sá (15/1/1920 a 21/1/1920).

Acertaram às primeiras 5 questões os seguintes alunos:
Filipa Ferreira - 8.ºB; Gonçalo Carvalho - 7.ºB; Daniel, Rafael Duarte, Filipa Alves e Cátia Cadete - 8.ºA; João Rodrigues - 5.ºB.

Obs.: Nenhum aluno acertou à questão 6.
Ver poster com o elenco de todos os governos da Primeira República no site oficial do Centenário da República.

Símbolos da República - o Escudo

Nascimento Oficial do ESCUDO - 22 de Maio de 1911

Por Decreto do Governo Provisório de 22 de Maio de 1911 (publicado em Diário do Governo no dia 26 desse mesmo mês), sendo José relvas ministro das Finanças, o Escudo – Ouro, substituiu os 1000 Réis, como unidade monetária de Portugal.
A medida teve em vista colocar a unidade monetária portuguesa ao mesmo nível das dos países e evitar as desvantagens práticas da exiguidade da moeda, então muito depreciada, que vinha do antecedente, o Real.
O decreto com força de lei de 22 de Maio de 1911, justificava assim a remodelação do sistema monetário: “ A nossa unidade monetária, o Real, tem um valor muito pequeno, nada parecido com os valores das unidades monetárias dos diversos países, geralmente iguais ou superiores a um franco. Desta circunstância resulta ser necessário empregar um grande número de algarismo para representar na escrita uma quantia, mesmo relativamente pouco importante”(…).
Nestes termos, o Governo Provisório da República, com excepção da Índia, a unidade monetária é o Escudo ouro, que conterá o mesmo peso de ouro fino que a actual moeda de 1$000 Réis em ouro. Desta sorte, a razão da equivalência do actual sistema monetário e do novo sistema, será de 1$ooo Réis, ouro, por um Escudo”(…). O escudo, segundo o diploma, “ dividir-se-á em cem partes iguais, denominadas centavos, correspondendo assim um centavo a dez réis do actual sistema monetário”(…) “Serão cunhadas e emitidas moedas de prata dos valores legais de um Escudo, cinquenta, vinte e dez centavos”, acrescentava o decreto governamental, como se referiu, assinado por José Relvas.
Segundo o preâmbulo do diploma, encontravam-se, então, em circulação cerca de 34 400 contos de moedas de prata e 3 900 contos de moedas de cupro-níquel e de bronze.
O mesmo diploma que instituiu a nova moeda mandou substituir as moedas-metálicas em uso da Monarquia por 35 500 contos de moedas de prata de 1$00, $50, $20 e $10 e por 3 750 contos de bronze-níquel de $04, $02, $01 e $005.
Deve sublinhar-se, no entanto, que esse plano de substituição da moeda metálica nunca foi integralmente cumprido, apesar de as primeiras cunhagens do novo regime datarem de 1912.

Fonte: Memória do Escudo

quarta-feira, 24 de março de 2010

"Vem aí a República" - Joaquim Romero Magalhães

Recomendamos a leitura atenta do livro do Professor catedrático da Universidade de Coimbra, Joaquim Romero Magalhães Vem Aí a República, editado pela Livraria Almedina, Coimbra.
Veja a apresentação do livro no site da Livraria.

terça-feira, 23 de março de 2010

"A República na Beira Alta", Manuel Martins e Abreu

Excerto do capítulo IV "Entulho de empregados"

"Mortagua tem a fama de ser a terra mais republicana da Beira. Não quero discutir agora se tambem tem o proveito. Para esta fama contribuiu o esforço que faço ha 36 anos para conter os homens no justo, afrontando-os de cara até dentro das repartições e acusando-os na praça publica pela palavra e em livros, distribuídos aos milhares pelos de casa e visinhos. Ultimamente o conflicto entre a posição e a capacidade e o nascimento atirou para a liça com mais dois campeões; o burel grosseiro era barato estojo para as boas folhas de Lopes d’Oliveira e Tomaz da Fonseca que, não cabendo dentro dos moldes existentes nem das camisas de estopa caseira, conquistaram logar entre os que sonham reformas.

O terreno é bom para sementeira, porque o mortaguense é capaz de civilisar-se. Entretanto eles, depois de terem serviços, colocando-se à meza do orçamento em vez de conquistarem pelo trabalho livre os meios de existir; deixaram de ser elementos da primeira fila.
Augusto Simões é o chefe do falado republicano de Mortagua; tendo sahido muito moço para o Brasil onde se dedicou à vida comercial, por lá andou muitos anos. Guarda-livros de importantes casas e de bancos, não ajuntou mais que as mezadas que deva aos pais; pequenas, mas suficientes ao seu bem estar. Vira individuos de menor habilidade e capacidade de trabalho enriquecem ali ao seu lado e continuou pobre.
A proclamação da republica no Brasil fez estremecer todo aquele corpo colossal. (…)
- Mairink. Está aí o Sousa?
-Qual Sousa procura V. Ex.ª?
-O Augusto Simões.
-Foi assistir ao Guarini no teatro da Republica.
-Fale com ele hoje mesmo, para amanhã comparecer no seu escritorio ao meio dia.
Oito dias depois contava a praça do Rio mais uma casa barcaria.
Vê-se bem com que genero de capital entrou cada um dos tres socios. O seu giro foi de muitos milhares de contos, talvez sem dez tostões de lastro.
Ganharam e perderam fortunas.
A’quele período chamou-se – do ensilhamento.
Como tudo era feito no ar, sobre papeis sem base, felizes os que saíram com a pele.
Foi o Augusto um deste; alem da pele trazia uma fortuna vulgaríssima para o Rio, soberba para Mortagua.
Estava cansado; o Rio era naquele tempo insalubre e o Simões retirou-se para cá.
Era um homem honrado ou tinha de corar diante do seu dinheiro, como muitos?
Eu tenho-me na conta de honesto; fui no Brazil, durante muitos anos, e por logares conhecidos, carroceiro, serrador, guarda-livros, professor, agrimensor, curandeiro , jornalista, negociante, pedreiro, regente de lavoiras, carrapina, construtor, cabouqueiro, derribei matas, capinei e plantei cafezais, destruí saúvas, dissequei pantanos, valei terrenos.
E se não puz uma casa bancaria no ensilhamento, foi porque não vivia no Rio e não conhecia o Mairink nem o Quintino – nem era conhecido deles. Julgo mais fácil justificar a fortuna do Augusto do que a maioria das que por aí ha.
Augusto, alem de possuir o saber de experiencias feito, tem atracções, é bom homem, inteligente, obsquiador, popular e munificente. Vinha cheio de ideias nobres, resolvido a engrandecer, quando podesse, a sua terra.
Ao chegar, acordou.
A sua superioridade sobre quasi todo o meio e o seu dinheiro não lhe foram perdoados.
Sendo presidente da Camara, saneou a sua povoação, em grande parte á sua custa, macadamizando as ruas de que foram retiradas as estrumeiras, facto horrivel para a rudeza dos seus visinhos e dependente de coragem.
Apesar disto continuou a trabalhar e não se vingou de ninguém, continuando o seu vinho, o seu caldo e a sua bolsa ao alcance de quem precisa.
Ultimamente construiu um belo edifício escolar, que ofereceu ao Estado.

Correspondência de Lopes de Oliveira

UMA MANCHEIA DE CARTAS
De Manuel de Arriaga (1840-1917)

  Lisboa, 3 de Maio de 1905
Presado Senhor Lopes D’ Oliveira
Venho agradecer-lhe a oferta do seu belo livro A justiça e o Homem e felicita-lo pela excelente orientação scientifica do seu lucente espírito, cuja completa emancipação dos restos de civilização católico-feudal, que ainda hoje nos deprime e afronta, é manifesta.Há neste seu simpático trabalho intenções sugestionadoras dum melhor futuro da Humanidade e lampejos de talento, que o devem confortar e fortalecer nas agruras da sua vida. Bemvindo seja!O problema abordado neste seu primeiro livro é extremamente complexo e complicado, pois pode dizer-se com verdade que a sua solução será a última palavra do progresso humano.Como observar todos os movimentos humanos que vão contribuindo para uma emancipação que tende a encontrar o equilíbrio social estável na egualdade de direitos e deveres entre todos os homens? Como todos sabemos, por amarga experiência quotidiana, estamos infinitamente afastados desse Ideal. E MESMO CONTRA A MARÉ!Em quanto não se conseguir uma verdadeira organização social, cuja lei suprema seja a indissolúvel e imprescindível solidariedade dos mundos e das consciências em todos os fenómenos da nossa vida e em todas as relações com o nosso semelhante, quer este seja branco, preto, amarelo ou vermelho, qualquer que seja o agregado social de que faça parte, o problema humano estará sempre longe duma solução definitiva.Até lá serão sempre justificadas as queixas de Job e os protestos de Prometheu e serão sempre bem vindos os espíritos ardentes, luminosos e cultos como o seu, dando o que pensam, o que sentem e o que valem em prol da Verdade.Renovando os meus agradecimentos, subscrevo-me, com toda a simpatia e consideração, seu admirador sincero.
MANOEL D’ARRIAGA
P.S. É provável ir aí fazer uma conferência no domingo, e desejaria vê-lo e abraça-lo.

domingo, 21 de março de 2010

Newsletters do Centenário

Para consultar as Newsletters da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República siga o link -Jornal do Centenário e Gazeta das Escolas.
Aconselhamos vivamente a sua leitura!

Jornal do centenário n.º 4, Jan/Fev 2010

Gazeta das Escolas, n.º 3, Dezembro 2009

sábado, 20 de março de 2010

Símbolos da República - O Hino

No site da Biblioteca Museu da República e Resistência, pode ler-se relativamente ao Hino Nacional:
Sob a dolorosa impressão do ultimato inglês de 1890, Alfredo Keil compôs a música e Lopes de Mendonça escreveu a letra da "Portugueza" que a Nação adoptou como hino de desafronta e resposta ao ultraje de que fomos vítimas, em virtude da absurda política dos governos da monarquia. Mais tarde, com a proclamação do regime republicano, em 1910, ela foi adoptada como hino nacional para todos os portugueses.

 O Hino Nacional: A Portuguesa

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo,
O esplendor de Portugal
Entre as brumas da memória
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te à vitória.

Às armas! Às armas!
Sobre a terra e sobre o mar!
Às armas! Às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões marchar,
marchar!

Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira
Portugal não pereceu!
Beija o solo teu jucundo
O oceano a rugir d'amor;
E o teu braço vencedor
Deu novos mundo ao Mundo!

Às armas! Às armas!
Sobre a terra e sobre o mar!
Às armas! Às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões marchar,
marchar!

Saudai o sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco d'uma afronta
O sinal de ressurgir;
Raios d'essa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte


Às armas! Às armas!
Sobre a terra e sobre o mar!
Às armas! Às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões marchar,
marchar!

Jornal "Sol Nascente"

Em 20 de Janeiro de 1915, teve lugar o denominado "Movimento das Espadas", protesto de parte da oficialidade encabeçado por Machado Santos, que dará origem à queda do Governo de Víctor Azevedo Coutino e à instauração da ditadura do general Pimenta de Castro. Relativamente a este movimento, o jornal "Sol Nascente" escreve:

"Os Ultimos Acontecimentos
Na noite de 19 para 20 do corrente desenrolaram-se em Lisboa certos factos de caracter grave, e verdadeiramente lamentaveis nesta ocasião. Foi o caso de alguns oficiaes de diferentes regimentos da guarnição de Lisboa, planearam, e tentavam executar pá, um movimento que, digam o que disserem, era contra a tranquilidade da Republica". Uns dizem que era simplesmente uma questão de solidariedade, pelo motivo da transferencia de um oficial (...). Outros, que andavam talassas... na costa, não só porque alguns dos oficiaes revolucionados eram monarquicos, como tambem porque muitos cabecilhas realistas se aproximaram, nos ultimos dias, da fronteira, transpondo-a alguns até. E outros, finalmente, que se tratava de um movimento parecido com um golpe de Estado para deitar abaixo o actual governo. (...) Mas quer-nos parecer que, fazendo o jogo dos monarquicos, andavam no caso republicanos despeitados, na mira de obterem pela força o que não possuem constitucionalmente. (...). Seja como fôr, o certo é que o governo tomou acertadas medidas para reprimir desordens (...), e porisso de todo o paiz lhe têm dirigido aplausos e saudações. Dos oficiaes foram presos uns 50."
Sol Nascente, n.º 11, 21 de Janeiro de 1915, p. 3.

Símbolos da República - A Bandeira




sexta-feira, 19 de março de 2010

Sol Nascente, 21 Janeiro 1915

Referindo-se às críticas ao chefe do Partido Unionista, Brito Camacho, o jornal local "Sol Nascente", transcreve as diferentes opiniões dos jornais nacionais.

Opiniões acerca do Sr. Brito Camacho:
Para que se não diga que só o Partido Democratico condena a atitude anti-patriotica e anti-republicana assumida pelo chefe do unionismo, transladamos para aqui um resumo das opiniões da imprensa independente e partidária da capital:
O Mundo (democrático): - O sr. Camacho tenta atirar a nação portuguesa para a lama, tenta vê-la coberta de vergonha e de oprobrio à face da Europa.
A Republica (evolucionista): … - «revelações como as do sr. Brito Camacho…vieram dar uma triste nota dos intuitos do leadar unionista, que não trepidou em fazer referenciais levianos, inconvenientíssimas e até criminosas…»
O Intransigente (reformista): - Se o sr. Dr. Brito Camacho estivesse no pleno goso das suas faculdades intelectuaes, não iria renovar a campanha aos monarquicos que fizeram o 20 de Outubro..." (...)
A Vanguarda (socialista):
- Dizem que Camacho é um frasquinho de veneno. Não erraram no veneno, a diferença está só na vasilha; é um garrafão e não um frasquinho." (...)
A Capital (órgão oficioso do Governo do Dr. Bernardino Machado):
- O que os republicanos não fizeram sob a monarquia fá-lo o sr. Brito Camacho na vigencia da Republica. (...) Este partido unionista - que nunca existiu e já morreu... conseguiu a hostilidade de todos os diários de Lisboa que se ocupam de politica, um unico o aplaude transcrevendo dos seus orgãos: é a NAÇÃO!"
Sol Nascente, n.º 11, 21 de Janeiro de 1915, p. 3.

A República na Toponímia: Mortágua republicana

Localização de Mortágua

quinta-feira, 18 de março de 2010

Álbum Republicano

 Director Luís Derdouet
"Publicação Bimensal contendo a colecção completa dos retratos das individualidades que mais se têm notabilizado no Partido Republicano".
1.º fascículo, (2.º volume), 1 de Maio de 1908.
José Lopes de Oliveira consta da lista de notáveis republicanos, ao lado de muitos outros: Afonso Costa, António José de Almeida, Teófilo Braga, Bernardino Machado, Guerra Junqueiro, João Chagas, Manuel de Arriaga, Brito Camacho, José Relvas Basílio Teles, Sampaio Bruno....


Retrato de José Lopes de Oliveira,
 publicado no Album Republicano


terça-feira, 16 de março de 2010

Jornal "Sol Nascente"

Excerto do secção "À Roda de Casa" do jornal "Sol Nascente" (Notícias breves sobre o concelho de Mortágua).
Seleccionámos neste artigo referências às escolas locais da Marmeleira.
Marmeleira 24
"- Encontram-se a funcionar já duas escolas locaes, mas o que se nota ainda, infelizmente, é pouca concorrencia de creanças. É precizo que os paes se resolvam a cuidar com mais carinho da educaçãode seus filhos. Um homem que não sabe ler vale muito menos que uma cavalgadura, porque não presta os serviços d'aquela e entre os seus semelhantes de nada serve.
Pensa-se em dar começo, na festa do verão do Centro D. de Educação Popular para o proximo ano, a uma feira anual que se deverá realizar nas proximidades do Cabeço das Cernadinhas. (...) Deram-nos o prazer da sua visita os nossos amigos, Serra Cardozo, de Penacova, e José Leite, digno alferes do 5.º grupo de metralhadoras, de Coimbra".
" - Para a Figueira da Foz, a fazer uso dos banhos, partiram entre outras pessoas os sr.s José de Matos, digno presidente da Comissão Paroquial Republicana e membro da Comissão Executiva do Centro Democrático de Educação Popular; João Pereira de Souza e Joaquim Lopes Pereira".
Sol Nascente, n.º 9, 8 de Novembro de 1914, p. 3.

Escola Livre da Irmânia - Marmeleira (Mortágua)

Transcrevemos a informação sobre a escola Livre da Irmânia, contida no livro  Contributos para a Monografia do Concelho de Mortágua:
 
"As escolas livres são um tipo de escola e de ensino que se procurou estabelecer em Portugal a partir de 1907 com base na Escola Moderna que Francisco Ferrer criara em Barcelona (Espanha). As várias escolas livres que apareceram nas Beiras (Irmânia, Mortágua, Pampilhosa do Botão, Mealhada e Oliveira de Azeméis) justificaram o aparecimento da Confederação das Escolas Livres da Província da Beira, sediada em Oliveira de Azeméis.
A Escola Livre da Irmânia (Marmeleira) terá sido fundada em 1908. Todavia, dois anos depois da implantação da República os estudantes Basílio Lopes Pereira e Alfredo Fernandes Martins fundam na localidade um pequeno jornal, o "Sol Nascente". O produto líquido da venda reverte a favor da Biblioteca Popular instituída na terra de onde eram naturais. Para além desses irmânicos, entre aqueles que estão na génese da Biblioteca, a que deram o nome do Centro Democrático de Educação Popular, convém destacar António Pereira de Sousa, João Pereira de Sousa, Júlio Baptista dos Reis, José de Matos e David Araújo.
Entre as motivações  subjacentes ao aparecimento deste centro, estava o desejo de fomentar o progresso material e moral das populações.

Escola Livre de Mortágua














Transcrevemos a informação  sobre a escola Livre de Mortágua, contida no livro Contributos para a Monografia do Concelho de Mortágua:

"A Escola Livre de Mortágua foi fundada no dia 9 de Abril de 1919. Segundo uma carta de Albano Morais Lobo (filho) dirigida ao diretor do jornal "Sul da Beira", a Escola Livre não tinha objecivos políticos, mas tão-só, com a sua biblioteca, actividades desportivas, etc, libertar a população da perdição da taberna, "pelo desejo de ilumina-la daquela luz divina que nos vem da arte e das ânsias do saber".
Cinco meses após a sua inauguração, proferiu na sua sede, uma conferência sobre História de Portugal, o Dr. Lopes de Oliveira. Nela começou por abordar o aparecimento do primeiro homem sobre a Terra, a deslocação dos Povos, a fundação do Condado Portucalense e o reinado de D. Afonso Henriques. Concluiu com a afirmação de que Napoleão Bonaparte decretara em França o Estudo da história do seu país e de Portugal.

Obras de José Lopes de Oliveira: "...E Mesmo Contra a Maré"


Excerto da obra de José Lopes de Oliveira "...E MESMO CONTRA A MARÉ"
Em vez de prefácio - A Paisagem e o Demónio
Quando nesse dia me embarcaram no Niassa, só uma certeza levava: que, se naufragássemos, ia, enfim, ver África…
Eu conhecia a África – dos livros. E, pelos livros, mais de vinte anos a ensinara – tão variada geologicamente, tão diversa em flora e fauna, de tão estranhas raças, de tão singulares civilizações: continente e ilhas, desertos, oásis, selvas, planícies, cordilheiras, vulcões, rios poderosos, imensos lagos, e vastas cidades rumorosas, avizinhadas de gentílicos povoados…
Mas, há muitos mais anos, eu conhecera outra África, que tinha só aspecto - de solidão, de uniformidade telúrica, de monotonia vegetal! Conhecia-a dos sonhos; desde menino, nunca dormi sem sonhar: os sombrios pesadelos encheram as noites da minha infância.
A costa, bravia e nua, sobe a pique. Do mar tenebroso, onde navego, só distingo, além das falésias, pardos areais com anaínhos arbustos, de longos ramos ligeiros, que o vento impetuoso arrasta. De quando em quando a calma imobiliza-os; mas como numa tortura interrompida, por que se adivinha que não cessou de todo o seu martírio: as suas pequeninas folhas estão todas trementes!
E esta paisagem volteava e corria pela costa adusta, toda a terra deserta, sem alma vivente, ao clarão dum luar nunca visto, com o calor do sol e o brilho álgido das estrelas…
- É a África! É a África! – reflectia.
Ora para mim, na infância, a África era o lugar da expiação dos grandes crimes – conforme ouvira. E, assim contemplando este ermo imenso à borda do mar, a minha vista sondava, interrogava, afligia-se, procurando descobrir qualquer figura humana; e, cansados os olhos sem os encontrar, meditava: - onde estarão os degredados?
E o mar, gemendo, arfando, sem vagas, trágico de negrume, viscoso e luzente!
A este sonho sucedia sempre outro sonho…
A acção passava-se num telheiro de forno, pegado à casa onde eu morava, na povoação da Beira onde me criei.
Havia ali, para amassar a broa, um grande caldeirão com água a ferver, suspenso e grossas correntes.
Ouvia então um grande barulho sobre o canto da lenha; e logo me aparecia o Demónio. Alto e corpulento, tinha um semblante humano: mas em tudo era caprino, a não ser nos cornos retorcidos como cifres de carneiro.
Aproximava-se lentamente e perguntava:
- Queres vender-me a tua alma?
Já sabia a minha resposta, seca, monossilábica, decidida.
- Não.
Em regra nem esperava por ela: apenas fazia a pergunta, e até sem a acabar, investia.
Com uma agilidade espantosa, desviava-me; ele ia bater de encontro à padieira do forno, e ficava coberto de cinzas.
Eu era muito ferveroso crente, e sabia orações de esconjuro – mas nunca atinava com elas, nem mesmo com o sinal da Cruz.
A luta prolongava-se: começava a sentir-me cansado, pisado, ferido… então, juntando todas as minhas forças, e com o pensamento firme em Deus, numa maravilhosa segurança de golpe agarrava o Demónio pelos chavelhos, e, dum só balanço, atirava-o para dentro do caldeirão onde a água fervia em cachão.
Nunca conseguia ver as carantonhas de Santanaz neste banho, porque eu ainda de tão pequena estatura que, mesmo em bicos de pés, não alcançava os bordos do caldeirão.
Mas as patas, que ficavam de fora, em breve imóveis, traziam-me a alegre certeza de haver vencido e morto o Diabo!
Isto tudo acabou, ao entrar na puberdade. Foram então outros pesadelos, outras lutas…
Ao canto, o Diabo pinchou sobre a ruma da lenha que, com estrondo, desabou toda; aproximou-se e disse pausada, sarcasticamente:
- Eis-te, afinal… atado de pés e mãos, prisioneiro. Já não poderás escapar; és meu – vencido… e convencido!
Retardei prudentemente a resposta às suas insolentes palavras: e o meu silêncio animou-o.
- Como pretendias, tresloucado, continuar lutando contra o meu poder?
Contive-me, e fraquejei:
- Mas nem sequer pensei mais em Vossa Excelência, desde a ultima vez que nos encontramos: porque atribuir-me, pois, qualquer intenção de hostilidade?
Então ele retorquiu:
- Nenhum acto de hostilidade? E delicioso, amigo! Passaste a vida a chamar pela Verdade, pelo Direito, pela Justiça, isto é, por aquele que me jurou ódio eterno: porventura ignoras que Verdade, Direito, Justiça, são invocações do seu nome?
Senti que o internal mestre de Lógica me excederia em dialéctica, e não tergiversei mais:
- Pois bem: se queres recomeçar, recomeçaremos – miserável!
E lancei-me a ele… Mas quantas vezes estive a ponto de ser subjugado!Alguma coisa me faltava: a energia sobrehumana, a força angélica à qual tudo é fácil, à qual tudo era possível. Em lugar de opor-lhe, desde logo, um «não» decisivo, eu tentara discutir, iludir, parlamentar.
Procurei reanimar todas as fontes vivas da inocência e da fé, sopitadas no fundo do meu ser: e de repente, como outrora, dum só balanço atirei com o Inimigo para dentro do caldeirão.
Mais uma vez – vencera!
Febo Moniz, defrontando-se com o Cardeal-Rei, que queria entregar Portugal a Filipe II – o Demonio do Meio Dia – imprecara:
- Podeis, Senhor, dispor da nossa vida e dos nossos bens; mas não podeis dispor da nossa alma – que essa só pertence a Deus!
O Demónio dispôs dos nossos bens e das nossas vidas, fugilando, enforcando, desgolando, deportando, sequestrando, roubando: mas não pôde nada sôbre a alma de Portugal, que sessenta anos depois ressurgiu, em esplendor de épicas vitórias, tal como em Cerneja e Ourique.
Ao acordar, o grito de São Tiago! São Tiago! soou a meus ouvidos como um apêlo de batalha...
Passaram já tantos anos! Mas sei, meu Deus, que a minha alma, a minha alma de criança crente que lutou com o Demónio, mas a vendi nunca, nem venderei jámais.
Lopes D'Oliveira

sexta-feira, 12 de março de 2010

Jornal "Sol Nascente" - Número único, 5 de Outubro de 1912

O Jornal "Sól Nascente" surge na Marmeleira, Mortágua, em 5 de Outubro de 1912 - consistiu numa edição comemorativa do 2.º aniversário da Implantação da República. 
Os seus directores e proprietários foram Basílio Lopes Pereira e Alfredo Fernandes Martins.
A orientação ideológica do jornal reflecte a defesa dos valores republicanos e a importância da instrução dos jovens, como se depreende da leitura da citação  do filósofo alemão Leibnitz, que acompanhará todos os números do jornal - "Quem tem instrução, tem futuro".
Ademais, os criadores deste número único referem que todo o valor da receita do jornal reverte a favor do Centro Democrático de Educação Popular da Marmeleira.

No artigo de apresentação do jornal "DUAS PALAVRAS", podemos ler:
Sae este numero unico, em comemoração do dia 5 de Outubro de 1910. É uma data gloriosa, i brilha na constelação radiante das revoluções de 1385, de 1640 e de 1829 (...). Nascemos na escravidão e vivemos libertos (...).O partido republicano representa o espírito popular, activo, generoso, emancipador. Cabe-lhe a realisação de uma grande obra de redempção (...). Portugal voltará a ser de futuro uma grande nação (...)
Sol Nascente, Número único, 5 de Outubro de 1912

quinta-feira, 11 de março de 2010

A Instrução Pública no Concelho no início da Primeira República


“O Regime republicano foi instaurado em Portugal a 5 de Outubro de 1910. No nosso concelho terá sido ao nível da alfabetização da população que mais se fizeram sentir os efeitos do novo regime político. Atestam-no as notícias publicadas em 1914 que referem a realização de um curso de nove meses da Escola Móvel de Vila Nova. Todos os alunos ficaram a saber ler e escrever. A professora foi a Sra D. Maria Assumpção Machado e o Júri das provas finais era constituído pelo Sr. Aureliano Maia, Sr. António José Gonçalves e D. Cândida Gonçalves.
Ao tempo era responsável por um curso nocturno para adultos em Cercosa, a S.ra D.Elisa De Sousa Navarra, professora da escola Primária de Vale de Açores. Em Almaça foi colocada a prestar serviço na Escola Móvel, a professora Alzira dos Santos Alves.
Quanto às escolas primárias em funcionamento no concelho logo nos primeiros anos da primeira república, enumeram-se de seguida, os resultados do aproveitamento dos exames do 1.º grau das escolas do concelho referentes ao ano lectivo de 1913/1914.
Escola Primária de Vale de Remígio, professor Joaquim dos Santos: óptimos, 6 alunos; bons. 6 alunos; suficientes, 4 alunos. Total: 16 alunos.
Escola Primária de Vila Meã, professora D. Cândida Ferreira Gonçalves: óptimos, 5 alunos; bons, 5 alunos. Total: 10 alunos.
Escola de Vale de Carneiro, professora D. Ana Rita Paiva: óptimos 3 alunos; bons, 3 alunos; suficientes, 2 alunos. Total: 9 alunos.
Escola de Vale de Açores, professora D. Elisa de Sousa Navarro: óptimos, 3 alunos; bons, 3 alunos; suficientes, 2 alunos. Total: 8 alunos.
Escola Feminina de Mortágua, professora D. Conceição Cardoso: óptimos 2 alunos; bons, 2 alunas. Total: 4 alunas.
Escola Masculina de Mortágua, professor Acácio Henriques dos Santos: óptimos, 2 alunos; bom, 1 aluno; suficientes, 1 aluno, 1 aluno. Total: 4 alunos.
Escola Feminina de Pala, professor Heleno Luís Campos. Total: 2 alunos.
Escola de Cerdeira, professora D. Beatriz Pais. Total: 3 alunos.
Escola Feminina da Marmeleira, professora D. Joaquina Nunes Martins. Total: 1 ano.
Escola Masculina da Marmeleira, professor David Araújo. Total: 2 alunos.
Realizaram exames do 2.º grau 9 alunos de Vale de Remígio, 3 alunos de Mortágua, 1 aluno de Cerdeira e 1 de Cercosa.
Era manifestamente baixa a frequência escolar concelhia nos primeiros anos do século. Para podermos comparar basta referir o caso da França onde, às vésperas da 1.ª Grande Guerra, a taxa de analfabetismo rondava de 5% do total da população. Havia um longo caminho a percorrer…
Foi em 2 de Janeiro de 1914 aprovada, em sessão plena da Câmara Municipal de Mortágua, uma moção de reconhecimento ao professor Joaquim Santos, recorrendo os bons serviços prestados à instrução popular do concelho, louvando-o e fazendo votos para que o seu exemplo fosse seguido.
Esta moção foi proposta pelo Vereador Júlio Batista dos Reis.”

In, AA VV(2001). Contributos para a Monografia do Concelho de Mortágua. Mortágua: ADICES e Câmara Municipal de Mortágua.



Ligações republicanas do Sr. Armando Lopes Simões



Rúben (9.º B) - Boa Tarde. Obrigado por ter acedido ao nosso pedido. Como se chama e em que ano nasceu?
Sr. Armando - Chamo-me Armando Lopes Simões. Nasci em 1919, no Rio de Janeiro e em 1923 vim com os meus pais viver para Vale de Açores, no domicílio do Dr. José Lopes de Oliveira, que era meu tio.
Rúben – Onde frequentou a escola primária?
Sr. Armando – Estudei na Escola Primária de Vale de Açores e depois em Mortágua, depois de ser expulso de lá.
Rúben – Então, o que aconteceu para ser expulso?
Sr. Armando – Quando entrei na escola, disse à professora que tinha de passar logo para a 2.ª classe, porque eu sabia tudo da 1.ª classe. Mais tarde, quando andava na 4.ª classe, aconteceu que um dos alunos se dirigiu a mim perguntando-me se as contas dele estavam bem. Ao que eu respondi que as mostrasse à professora, porque não era eu o professor. Como ela estava a dormitar, abanando a cabeça, o aluno considerou que tinha as contas correctas e disse-me que ela tinha dito isso mesmo. Então eu retorqui: - "Como é que ela disse que estão bem, se ela está a dormir?". Ela ouviu, não gostou da minha insolência e arremessou-me a “palmatória”. Eu agarrei nela, arremassei-a e ao bater no quadro, partiu-o. Antes que a professora me castigasse fugi da escola e corri para casa. Pouco tempo depois, meus pais foram notificados que eu estava expulso. Isto aconteceu em Janeiro de 1930.
Rúben – Daí o Sr. Armando ter de frequentar a escola primária em Mortágua. Foi fácil entrar na escola da vila?
Sr. Armando – Não. O meu tio, o Dr. José Lopes de Oliveira teve que solicitar autorização ao Inspector Escolar, Dr. César Anjo, de Viseu. E uma das condições para poder frequentar a escola de Mortágua era residir na mesma localidade.
Assim, terminei a instrução primária na Escola Conde Ferreira, em 1930. Fiquei a viver na casa do professor Tomás da Fonseca, em Mortágua, que era amigo do meu tio, Dr. José Lopes de Oliveira. (Eram cunhados, estavam casados com duas irmãs gémeas).
Recordo ainda que, quando realizei o exame da 4.ª classe, o Dr. César Anjo, que vinha fazer os exames, perguntou-me as linhas de caminho de ferro e eu enumerei-as todas e descrevi os locais por onde elas passavam e as suas respectivas paragens.
Não pude continuar a estudar, porque para se fazer o exame de admissão para prosseguir estudos, tinha de ir para Coimbra, não só a distância na época era grande, como também as despesas não eram fáceis de suportar.
Rúben – Após esse período, a que se dedicou?
Sr. Armando – Em 1940 fui para a tropa para Lisboa. Nessa época, não se podia sair da tropa sem ter pelo menos a 3.ª classe. Depois fui para os Açores, para a Ilha de S. Miguel. Nessa altura cerca de 95% da população não sabia ler nem escrever. Então fundei uma escola para os militares aprenderem a ler, escrever e contar.
Há uma ditado que diz o seguinte: ”Não há nada melhor para aprender do que ensinando”. Não há dúvida que a ensinar os outros enriquecemos os nossos conhecimentos.
Rúben – Como já descreveu um pouco do seu passado, pode agora relatar-nos alguns conhecimentos que tenha do papel de alguns mortaguenses que tenham seguido os ideais republicanos?
Sr. Armando - Conheci o Martins de Abreu. Era conhecido pelo "Catorze de Pinheiro". Contactei de mais perto com o Sr. Augusto Simões, que tinha vindo também do Brasil. Pertenceu ao Directório dos republicanos de Mortágua. Teve sempre presente as linhas condutoras dos princípios republicanos e tinha consciência de que era importante instruir a população, daí ter edificado uma escola em Vale de Açores. Também mandou calcetar as ruas principais de Vale de Açores - como ele dizia, "era preciso retirar o esterco” das ruas -, fez um plano de saneamento, obrigando as pessoas a construir as fossas. Houve algumas que não aceitaram cordialmente esta atitude, no início, pois há sempre uma certa relutância às mudanças.
O Sr. Augusto Simões era maçónico. Um dia, avistei-o todo vestido de encarnado, junto a um diospireiro. Eu observava curiosamente a sua indumentária e ele perguntou-me: “Estás a olhar para os diospiros?” Eu respondi-lhe: “Não, eu nem gosto de diospiros. Estou a olhar para o Senhor, que está muito bonito!”.
Rúben – Muito obrigado pelas suas fantásticas memórias!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ciclo de Conferências - 100 anos da República

O Centro de Estudos interdisciplinares do Século XX , juntamente com Ideias Concertadas e Livraria Almedina está a dinamizar um Ciclo de Conferências dedicadas à temática do Centenário da República, entre os dias 11 de Fevereiro e 27 de Setembro de 2010.
O Programa detalhado pede ser consultado no site do CEIS20.
Realçamos a Conferência, que terá lugar no dia 11 de Maio de 2010, pelas 18 horas, na Livraria Almedina (Estádio Cidade de Coimbra), em Coimbra, "Os Combates do Cidadão Manuel Martins de Abreu", proferida pelo Prof. Dr. Joaquim Romero Magalhães, membro da Comissão Consultiva Nacional para as Comemorações do Centenário da República.
Muito nos apraz que um republicano de Mortágua seja relembrado em tão ilustre evento!

Ligações republicanas de Armando Lopes Simões




















Armando Lopes Simões, actualmente com 90 anos, residente em Vale de Açores, natural do Rio de Janeiro - Brasil, nasceu em 11 de Setembro de 1919, após o fim da 1.ª Guerra Mundial.
Veio para Portugal em Outubro de 1923.
As suas origens republicanas estão relacionadas com o seu pai, que nasceu em 5 de Outubro de 1896. Segundo diz, seu pai festejava os seus anos com bandeirinhas de República Portuguesa a partir de 1910, sendo seu incondicional apoiante.
 "Quando fiz o exame da 4.ª classe em 1930, era meu professor o grande republicano, João de Alegria Almeida Guerra. Foi o instrutor César Anjo, presidente do directório republicano do distrito de Viseu, que me fez o exame! Nessa altura, morávamos em Mortágua em casa do Tomás da Fonseca e do Dr. Lopes de Oliveira - pessoas arreigadamente republicanas -, em virtude de  eu ter sido expulso da escola de Vale de Açores. Mais tarde o nosso convívio continuou em Lisboa até ao falecimento desses meus grandes professores.
Meu pai, durante a sua vida de 95 anos, demonstrou sempre um sentido crítico contra os inimigos da República e os apoiantes da ditadura salazarista, tal como aconteceu com Lopes de Oliveira e Tomás da Fonseca!"
Armando Lopes Simões

A República na Toponímia: Rua Dr. José Lopes de Oliveira


A República na Toponímia: Largo Albano Moraes Lobo




A República na Toponímia: Rua Tomaz da Fonseca - Mortágua

















Na freguesia de Pála, concelho de Mortágua, existe também uma rua dedicada ao escritor.