sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Entrevista ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Mortágua

Tiago:
- Pretendíamos que o Sr. Presidente nos informasse sobre as actividades que o Município está a promover no âmbito da Comemoração do Centenário da República, para que as possamos divulgar no nosso blogue, e quais as acções que a Câmara irá desenvolver com as escolas.
Dr. Afonso Abrantes:
- Neste momento ainda estamos em fase de elaboração do programa, sendo certo que já temos duas actividades agendadas em que estamos a trabalhar:
Uma exposição sobre a República, vista na prespectiva local, procurando dar a conhecer figuras e factos. Esta exposição acontecerá, em princípio, a partir do dia do Município (13 de Maio).
Estamos também a fazer o possível para, na sessão solene do município, ter a presença do Professor  Doutor Romero Magalhães, da Universidade de Coimbra, para fazer uma conferência sobre o tema. Numa homenagem às figuras republicanas de Mortágua, estamos a preparar a edição de uma publicação sobre Manuel Ferreira Martins de Abreu, da responsabilidade do professor Romero Magalhães  para o dia do Municipio.
Tiago:
- Qual a figura do Município ligada à República a que gostaria de dar particular destaque?
Dr. Afonso Abrantes:
- Entre as figuras que nós temos, algumas tiveram destaque a nível nacional, como Tomás da Fonseca e José Lopes de Oliveira, mas também há outras figuras que, apesar de não serem muito conhecidas, não devem ser esquecidas.
O que mais se destaca por não ter nenhuma formação académica é o Manuel Ferreira Martins de Abreu, que era uma figura  intrépida e aguerrida. Todas as "guerras" que ele travou foram centradas mais localmente, no poder autárquico e não tanto a nível partidário. Sem formação académica... João Chagas refere-se a ele que há muito não lia nada tão interessante para além de Camilo, pela vivacidade com que escrevia.
 Tiago:
- Pretende mencionar mais algum aspecto que considere relevante?
Dr. Afonso Abrantes:
- Sendo Mortágua considerada, ao tempo, a mais republicana das vilas de Portugal, não posso deixar de ficar satisfeito que os jovens e a escola estejam a dar atenção a estas comemorações do 1.º Centenário da República, nomeadamente pesquisando sobre factos e personalidades locais. Conhecer o passado é estar a olhar para o futuro! É muito importante que se faça isso.  
                                                                        
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Biografia de Basílio Lopes Pereira

Advogado, Político, Republicano.
Nasceu na Marmeleira em 1894 e faleceu a 25 de Maio de 1959. Era filho de Joaquim Lopes Pereira e Maria da Encarnação Araújo. Foi membro, no início do século XX, do grupo de teatro amador existente na aldeia da Marmeleira.
Em comemoração do 2.º aniversário da implantação da República, fundou na Marmeleira, ainda em estudante, em 1912, com Alfredo Fernandes Martins, um pequeno jornal, o “Sól Nascente.
A sessão inaugural foi presidida pelo Visconde do Alto Dande. Usaram da palavra o deputado da Nação, Tomás da Fonseca, o administrador do concelho, Eduardo de Magalhães, e ainda Martins Abreu.

Basílio Lopes Pereira exerceu o cargo de administrador do concelho de Mortágua. Foi advogado em Barcelos e Angra do Heroísmo. Foi membro da direcção dos Bombeiros Voluntários de Mortágua. Na década de 30 formou-se, contra a Ditadura de Salazar, a Frente Popular Portuguesa. Uma das partes desta organização anti-fascista tinha como cérebro o Dr.Basílio Lopes Pereira. Era a Acção Anticlerical e Antifascista (AAA). Para fugir às perseguições usava os pseudónimos de A. Madeira e Manuel J. Luz Afonso. Na mesma década dirigiu a Conjunção Republicana Pró-Democracia e apoiou refugiados republicanos espanhóis em Portugal. Pela oposição candidatou-se em 1956 a deputado pelo círculo de Aveiro.
Faleceu em Lisboa, e foi enterrado no cemitério da Marmeleira. Devido a ser um opositor ao regime do Estado Novo, o seu funeral foi observado por agentes da PIDE que elaboraram um relatório circunstanciado das pessoas presentes, entre as quais se encontrava Tomás da Fonseca, entre muitos outros.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Biografia de Joaquim Augusto de Oliveira


Joaquim Augusto de Oliveira foi Republicano e Democrata.
Nasceu na localidade do Barril a 21 de 1897 e morreu a 10 de Setembro de 1980.
Filho de José de Oliveira e Maurícia de Jesus. Durante a ditadura de Sidónio Pais (1917-1918) foi desterrado para o Sul de Angola, regressando a Portugal em 1919. Participou na fundação da Escola Livre de Mortágua. Era conhecido pelo seu amor à cultura e à instrução.
Como elemento fundador da Escola Livre de Mortágua, participou activamente em várias sessões recitando poemas de sua autoria. Aquando da reorganização da Escola Livre de Mortágua em 1927, passou a ser o responsável pela secção do Escutismo.
Emigrou para os E.U.A. em 1927. Viveu a crise económica que se abateu no final da década de 20, sobre os E.U.A. tornando-se um admirador do Presidente democrata Franklin Roosevelt. Nos E.U.A. conviveu com opositores à ditadura salazarista: João Camoesas, Padre Alves Correia e o escritor José Rodrigues Miguéis. Escrevia no Jornal “Diário de Notícias”, de New Bedford. Na cidade de Danbury, Estado de Conneticut, abriu uma escola onde ensinava os filhos dos emigrantes portugueses, nascidos naquele país, a falar e a escrever a língua portuguesa.
Regressou a Portugal em 13 de Novembro de 1961. Entre o seu círculo de amigos mais íntimos contavam-se o Dr. Assis e Santos, o Dr. José Lopes de Oliveira e Alberto Lobo, entre outros ilustres conterrâneos.
Obras publicadas:
Do Meu Coração ao Vosso
Fraternidade Universal
Cântico do Exílio
A Felicidade e o Homem
Ver a Biografia completa no site da Câmara Municipal de Mortágua

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Entrevista à sobrinha-neta de Augusto Simões de Sousa

Republicanos de Mortágua – Augusto Simões de Sousa



Diogo (9.º B):
- Qual o seu grau de parentesco com o republicano Augusto Simões de Sousa?
Prof.ª Maria Adelina:
- Sou sua sobrinha-neta.
Diogo:
- Dr.ª Maria Adelina, que conhecimento tem deste seu tio-avô?
Prof.ª Adelina:
- Era um republicano que esteve muitos anos no Brasil e que ganhou lá um bom dinheiro e que, quando veio para Vale de Açores, só pensava em evoluir a aldeia. Era um bom benemérito. Ajudou também a população e as sobrinhas.
Diogo:
- Dr.ª Maria Adelina, conhece a casa onde viveu o seu tio–avô?
Prof.ª  Maria Adelina:
- É a casa onde vivo e que recebi como herança da parte da minha mãe.
Diogo:
- O Sr. Augusto Simões de Sousa foi presidente da Câmara de Mortágua nos finais do séc.XIX. Como republicano que era, sabe que medidas tomou no campo da educação no Concelho de Mortágua?
Prof.ª Maria Adelina:
- Construiu uma casa para ser a escola da aldeia e quando acharam que a casa estava degradada a Câmara construiu uma escola nova e a antiga ficou para a família, mas hoje essa escola já não existe. Eu também fui aluna da escola antiga.
Diogo:
Mortágua era um concelho sem grandes recursos. Sabe o que é que o seu tio-avô fez para melhorar as condições sanitárias da sua terra?
Prof.ª Maria Adelina:
- Incentivou as pessoas a fazerem fossas nas casas e pôs nas ruas macadame.
Diogo:
- Dr.ª Maria Adelina, que outras memórias de relevância tem do seu tio-avô?
Prof.ª Maria Adelina:
- As pessoas diziam que ele usava um robe vermelho e um carapuço. Era uma boa pessoa.
Diogo: 
- Bem haja, pela atenção dispensada!

Casa da Professora Dr.ª Maria Adelina Ramos, antiga casa de Augusto Simões

Biografia de Albano Moraes Lobo




























Nome: Albano Moraes Lobo
Data de Nascimento:18/04/1872
Data da Morte: 25/01/1913
Naturalidade: Mortágua
Nacionalidade: Portuguesa
Filiação:
-Pai: Manuel Ferreira Lobo.
-Mãe: Maria Emília de Jesus Moraes.
Fundou em 1893 o mais antigo estabelecimento comercial de Mortágua com a designação de "Albano de Morais Lobo, Sucessores Lda".
Este estabelecimento ainda hoje está em funcionamento com o mesmo nome, a mesma família e no mesmo local decorridos já 117 anos.
Neste estabelecimento existia de quase tudo na área do comércio até ao retalho.
Prestava também serviços como agência funerária, seguros e transações bancárias.

Albano Moraes Lobo, além de comerciante, era também uma pessoa ligada á vida associativa e progressista do concelho, tendo participado na fundação do Teatro Clube e na Escola Livre e da Filarmónica de Mortágua.
A Escola Livre  de Mortágua, à semelhança da escola livre Irmânia, tinha como principal missão elevar a literacia dos mortáguenses e a divulgação da cultura e do saber.
Tinha secções de Estudos Gerais, com lições de Geografia, História, Literatura Portuguesa e Astronomia. Possuia também além da secção de Estudos Gerais, secções de Música, Teatro, Artes Aplicadas, Filantropia, Educação Física, Biblioteca Popular (em sua memória passou a ter o nome de Biblioteca Popular de Albano Lobo).
A responsabilidade destas lições cabia a Dr. José Lopes de Oliveira e Tomaz da Fonseca.
Albano Moraes Lobo foi membro de uma loja maçónica e um republicano entusiasta e dedicado, tendo sido membro do Partido Republicano Português, era companheiro de luta de outros grandes republicanos como Tomaz da Fonseca, Lopes de Oliveira e Augusto Simões. Militou alguns anos no partido progressista (depois extinto), tendo exercido o caego de vareador da câmara.
Filiou-se depois ao Partido Republicano, vindo a exercer o cargo de secretário da Comissão Municipal Republicana. Em 1913 foi nomeado pela República administrador do concelho de Mortágua, vindo a falecer nesse mesmo ano.

Pode ver a biografia completa no site da Câmara Municipal de Mortágua.

História da nossa Escola

Desde cedo, Mortágua preocupou-se com a educação e formação dos seus jovens. Em 1972 passou a designar-se Escola Preparatória Dr. José Lopes de Oliveira tendo tomado a denominação de Escola Preparatória de Mortágua. No início funcionou com os 1.º e 2.º anos do Ciclo Preparatório tendo sido progressivamente alargada até ao 9º ano. No ano lectivo de 1985/86 passou a chamar-se Escola C+S de Mortágua. Com a criação da Escola Secundária passou a designar-se novamente Escola Preparatória de Mortágua e as instalações foram transferidas para a rua Dr. Francisco Sá Carneiro, onde inicialmente se ensinou apenas o 2º ciclo. Mais tarde, no ano lectivo de 1995/96, passou a leccionar o terceiro ciclo, mudando novamente o nome para Escola Básica 2/3 de Mortágua mantendo o nome do patrono - Dr. José Lopes de Oliveira.

Biografia de Augusto Simões de Sousa


Natural de Vale de Açores, nasceu a 25 de Dezembro de 1872 e faleceu em 17 de Julho de 1935. Filho de Teotónio Simões e Maria do Espírito Santo. Foi Guarda - livros de casas comerciais do Brasil, para onde emigrou em 1872, ainda muito novo. Desempenhou os cargos de tesoureiro e gerente do Banco Comercial de S. Paula e mais tarde tesoureiro do Banco da República. Regressou a Portugal em 1895, sendo eleito presidente da Câmara Municipal de Mortágua.
Foi um destacado membro do Partido Republicano. Protector das Escolas Móveis pelo método João de Deus, e presidente, antes da implantação da República, da Comissão Municipal Republicana de Mortágua. Nesse tempo, Mortágua tinha a fama de ser a terra mais republicana da Beira.
Outro republicano do concelho, Manuel Martins e Abreu, também ele regressado do Brasil, escreveu sobre a obra de Augusto Simões de Sousa:
"Sendo Presidente da Câmara, saneou a sua povoação, em grande parte à sua custa, macadamizado as ruas de que foram retiradas estrumeira, facto horrível para a rudeza dos seus vizinhos e dependente da coragem. Apesar disto continuou a trabalhar e não se vingou de ninguém, continuando o seu vinho, o seu caldo e a sua bolsa ao alcance de quem precisa. Ultimamente construiu um belo edifício escolar, que ofereceu ao Estado." 

Biografia de Manuel Ferreira Martins e Abreu

Nome: Manuel Ferreira Martins Abreu
Data de Nascimento: 15/12/1861
Data de Morte: 07/02/1944
Naturalidade: Pinheiro, Mortágua
Nacionalidade: Portuguesa
Obras Públicadas:
“ Coisas de Mortágua” (1890)“ Provas das Coisas de Mortágua” (1891)
“ Política de Campanário e Justiça d`Aldeia” (1893)
“ Ajuste de Contas” (1894)
“ Pela Civilização do Brasil” (1903)
“ O meu voto nas próximas eleições” (1906)
“ A República da Beira Alta” (1913)
“ Justiça na Beira Alta” (1914)
“ Istória Contemporânea de Mortágua” 1921)

Além destas obras, deixou também um grande volume de manuscritos que nos contam acontecimentos inéditos e peripécias da sua vida como Lavrador, Professor; Administrador de Fazendas, Escritor, Jornalista, Autarca e Político.

A biografia completa de Manuel Ferreira Martins Abreu encontra-se no site da Câmara Municipal de Mortágua.

Biografia de Tomás da Fonseca


Nome: Tomaz da Fonseca
Nascimento: 10/03/1877
Óbito: 12/02/1968
Naturalidade: Laceiras, freguesia de Pala, concelho de Mortágua
Nacionalidade: Portuguesa
Filiação:
Mãe: Rosa Maria da Conceição
Pai: Adelino José Tomás
Filhos: Dr. António José Branquinho da Fonseca e Eng.º Tomás Branquinho da Fonseca
Estado Civil: Casado
Profissões: Escritor, político, mestre pensador da 1ª República Portuguesa
Obras Publicadas: Águas Novas; Agiológio Rústico; Águas Passadas; Memórias Dum Chefe De Gabinetes; Os Desherdados; Fátima; Filha De Labão; Guerra Junqueiro; A Igreja Condestável; e o No Rescaldo De Lourdes; O Pinheiro; O Santo Condestável; Bancarrota.
No decurso da sua vida participou em inúmeros congressos, simpósios, colóquios, etc., de Arqueologia, Política, Literatura e Temática Regional. 
No Jornalismo destacou-se com artigos ou opiniões publicadas em jornais como: "Mundo", "Pátria", "Vanguarda", "Voz Pública", "Norte","República","Povo","Batalha", "Lanterna (Brasil)", "Espanha Nova", "Alma Nacional", "Diabo", "Prometeu", "Arquivo Democrático", de que foi director, "Defesa da Beira", e na revista Livre Pensamento.
Possui em Mortágua e Lisboa ruas com o seu nome. Possui, junto à Câmara Municipal de Mortágua, um busto escultórico dedicado a si.


A biografia detalhada pode ser lida no site da Câmara Municipal de Mortágua.

Tomás da Fonseca "O Santo que não acreditava em Deus"

Propomos a leitura atenta do curioso artigo publicado no jornal Defesa da Beira, no dia 12 de Fevereiro de 2010, da autoria do Sr. Armando Lopes Simões, sobre o ilustre republicano mortaguense Tomás da Fonseca.
Na foto: Tomás da Fonseca com a esposa e filhos

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Jornal FRONTAL,  quinzenário de Mortágua e Penacova, na sua edição n.º 17, de 5 de Fevereiro de 2010, noticia o início das comemorações oficiais do Centenário da República e destaca duas figuras republicanas dos concelhos de Mortágua e Penacova: Tomás da Fonseca e António José de Almeida.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Conversa com o Sr. Armando Lopes Simões, sobrinho de José Lopes de Oliveira, amigo e admirador de Tomás da Fonseca


Tivemos o privilégio de conversar com o Sr. Armando Lopes Simões, jornalista do jornal "A Defesa da Beira", sobrinho do ilustre republicano Dr. José Lopes de Oliveira, que nos relatou algumas das suas memórias ligadas às personalidades republicanas de Mortágua e Vale de Açores, designadamente a sua convivência com o seu tio Lopes de Oliveira, com Tomás da Fonseca e o seu filho Branquinho da Fonseca, entre outros.
A entrevista que fizemos ao Sr. Armando será publicada dentro em breve...


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Exposição alusiva à Primeira Revolta Republicana e à Implantação da República

Está patente, desde 29 de Janeiro de 2010, no átrio do Bloco C da Escola Básica 2/3 Dr. José Lopes de Oliveira de Mortágua, a EXPOSIÇÃO  "Da Primeira Revolta Republicana de 31 de Janeiro de 1891 à Implantação da República de 5 de Outubro de 1910".
Esta actividade foi organizada pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas, tendo como principal objectivo dar início às Comemorações do Centenário da República na Escola.
As professoras de História acompanharam os seus alunos numa visita  guiada à referida exposição, tendo os discentes participado activamente no passatempo:"Descobre nos Cartazes" .

Após a observação atenta dos painéis da Exposição, os alunos deveriam responder a um pequeno questionário, registando as suas respostas e respectiva identificação, colocando-as de seguida numa pequena urna.

"Descobre nos Cartazes" pergunta:
1. Em que cidade e em que ano ocorreu a 1.ª  revolta republicana?
2. Investiga quem foram os assassinos do rei D. Carlos e do príncipe D. Luís Filipe.
3. Refere o número de anos que durou a Primeira República.
4. Identifica o Presidente da Primeira República que exerceu dois mandatos.
5. Cita os três políticos que chefiaram mais governos durante a 1.ª República.
6. Situa no tempo os dois governos da 1.ª República que duraram mais tempo e os dois que duraram menos tempo.
HAVERÁ UMA PEQUENA SURPRESA PARA OS ALUNOS QUE ACERTARAM TODAS AS RESPOSTAS!

A primeira revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891

A primeira revolta republicana, ocorrida a 31 de Janeiro de 1891 na cidade do Porto integra-se no clima de instabilidade económica e política que Portugal vivia desde a década de 80 do século XIX, agravada pelo Ultimato inglês de 1890, causado pela questão do chamado "Mapa Cor-de-Rosa", em que o Governo português foi obrigado a abandonar o território entre Angola e Moçambique.
O facto de o rei D. Carlos ter cedido aos interesses ingleses desencadeou uma onda de protestos e de contestação e ódio aos ingleses, acabando por culminar na eclosão do movimento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891.
"Pelas 2h 30 de uma noite de Inverno portuense, o Batalhão de Caçadores 9, às Taipas, sai do quartel sob o comando de sargentos, até que, em frente à Cadeia da Relação, se lhe junta o alferes Malheiro, e segue em direcção ao Campo de Santo Ovídio, onde está instalado o Regime de Infantaria 18. Um pouco mais tarde, junta-se-lhe Infantaria 10, que também só na rua encontrou um oficial para o comandar - o tenente Coelho. Agrega-se-lhe finalmente uma companhia da Guarda Fiscal. O Regimento de Infantaria 18, bem que em parte revoltado, é retido no quartel pelo seu comandante, coronel Meneses de Lencastre, a quem os revolucionários que, arrombando a porta, se lhe dirigem, não demonstrando da atitude de neutralidade. A Guarda Municipal, sob o comando do Major Graça, contenta-se, ao princípio, em tomar posição nas imediações. Isto anima os revoltoso, que descem aos Paços do Concelho, de uma de cujas janelas o doutor Alves da Veiga proclama o governo provisório da república, (...) sobem a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, onde tomariam conta da Estação de Correios e Telégrafos.(...) Uma carga de fuzilaria sobre a festiva procissão cívico-militar num relâmpago desfez, em farrapos sangrentos, o sonho do fácil triunfo, que em breve remataria no drama dos julgamentos a bordo do Índia."


 Propomos a visita ao blogue
Achámos interessante o artigo" O 31 de Janeiro e a bandeira republicana", aludindo à cor vermelha da bandeira do Clube republicano "Centro Democrático Social" ...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"A Actual Situação Política", por José Lopes de Oliveira

A directora da Biblioteca Municipal Dr. Branquinho da Fonseca muito amavelmente nos disponibilizou um texto do Dr. José Lopes de Oliveira, intitulado "A Actual Situação Política", escrito em 1907, na época do governo de João Franco, três anos antes da queda da Monarquia...
Os ideais republicanos e anti-monárquicos do Dr. José Lopes de Oliveira são abertamente explicitados neste artigo "A Actual Situação Política - Conferência realisada no Centro Republicano de Vizeu em 9-6-1907", Separata do n.º 458 d' A VOZ DA OFFICINA, como se depreende através da leitura do texto...


"Da história politica dos últimos annos claramente resalta que o monarchia está já, de facto, prisioneira da republica. O conferente dá d’isso a prova mais flagrante, dizendo que, se a monarchia reconhece ao povo as liberdades, este logo as exerce contra ella, votando, reunindo, associando-se, escrevendo e fallando contra o regimen, pois que este levou tão longe a sua obra liberticida, que não se acredita jamais na sua boa fé quando faz o resto do liberalismo, nas occasiões de perigo, recuando no caminho da desvairada e reaccionária oppressão. Perante esta atitude, a monarchia, entre a espada e a parede, então não tem a hesitar, e não querendo abdicar a soberania do poder divino perante a soberania nacional, volta a atacar de novo, furiosamente, as liberdades, preparando-nos o mais pérfido absolutismo, pois tem todas as suas infâmias, sem ousar no entanto ter coragem de declarar-se como tal. Mas então é certo que o paiz logo se agita, e de norte a sul, vibra a palavra Revolução como um clarim de guerra. De novo a monarchia medrosamente se agacha, e finge hypocritamente ir combater, ella propria, em si, «os crimes e erros de longe vem». E assim continua dominando o paiz este moribundo regímen, aprisionado, escabujante, mas ainda feroz e damnoso. Quem dirige estas manobras? Na sua carta de alforria dizia o sr. D. Carlos, que todos lançam a responsabilidade d’ellas sobre o Rei. E’ pois o rei, por sua própria confissão, o seu responsável. E no reinado produziu já Sua Magestade três documentos que lhe conferem a legitima paternidade d’esta táctica. São elles a resposta á câmara do Porto em 1891, a declaração a propósito da quetão religiosa em 1901 e a recente carta de alforia. Nos momentos graves o rei de Portugal é sempre, como se sabe, - «rei liberal por tradição, educação e convicção…»A entrada de João Franco nos conselhos de côroa foi um acto de desespero do regimen e do reinante. A monarchia, apavorada perante os sucessos de Lisboa, temendo a nação e sem cofiança no exercito, recorreu á ultima arma, e essa era evidentemente o dictador do Alcaide.(...) O governo não usará nunca a dictadura que ahi se apregoa, a dictadura militar. Essa forma de tyrania seria a ultima do regimen; - com a dictadura militar elle se teria suicidado. A dictadura só terminaria, quando o exercito houvesse abandonado as instituições. (...) Não, - a monarchia não tem coroagem para o suicidio. A monarchia será morta, mas não emborcará ella mesma a taça do lethal veneno. A dictadura militar não é mais que um gesto vão entre a obra do terror que o ministerio veiu juntar, hedionda e burlescamente, á antiga obra de corrupção que elle tambem tão animosamente continua. Não passará d`isso.(...)
  

REPUBLICANOS DE MORTÁGUA - Prof. Dr. José Lopes de Oliveira



Iniciamos a nossa rubrica REPUBLICANOS DE MORTÁGUA com a biografia do patrono da nossa escola - o Prof. Dr. José Lopes de Oliveira.
Trata-se de uma figura ilustre do nosso concelho, um homem que defendeu os seus ideais republicanos... que muito fez pela nossa terra...


José Lopes de Oliveira nasceu em Vale de Açores concelho e freguesia de Mortágua em 1881, filho de João Lopes de Oliveira e Maria Adelaide Jesus.
Frequentou a Universidade de Coimbra onde se Licenciou em Direito. Foi professor de Geografia e de História no liceu de Viseu. Ainda em estudante colaborou em jornais, revistas e, mais tarde, como professor em Viseu publicou alguns artigos em jornais.

Depois da proclamação da República foi nomeado director da Escola Normal de Lisboa. Em 1920 passou a ser reitor do Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Politicamente foi defensor dos ideais republicanos, tendo sido militante do Partido Republicano Português até 1920. Em 1921 foi chefe de gabinete da presidência do Ministério. Foi convidado para Ministro do governo provisório, convite que recusou. Em 1923 filiou-se no Partido Republicano Radical, sendo um dos directores e seu presidente a partir de 1925.
Deixou uma vasta obra publicada de carácter literário e político tais como:
1902 - Intellectuais: I Bernardino Machado; 1908 - Oliveira Martins: o seu programa e o engrandecimento do poder real; 1934 - História do regime republicano: a propaganda republicana.
Morreu em 1971. Em Mortágua, a Escola Básica 2.3 tem José Lopes de Oliveira como patrono, tendo sido também dado o seu nome a uma rua da Vila de Mortágua.
A sua biografia completa pode ser lida no site da Câmara Municipal de Mortágua.


Convidamos a comunidade escolar e todos os munícipes do concelho de Mortágua a visitarem o site oficial das comemorações do Centenário da República.



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Escola Básica 2/3 Dr. José Lopes de Oliveira associa-se às Comemorações do Centenário da República!

A Escola Básica 2/3 Dr. José Lopes de Oliveira de Mortágua (distrito de Viseu) desenvolverá uma série de acções que visam assinalar o Centenário da República, em articulação com outras entidades do município (Câmara Municipal de Mortágua e Biblioteca Municipal Dr. Branquinho da Fonseca):
- Exposições temáticas e de trabalhos dos alunos (ao longo de 2010);
- Participação no concurso escolar "A República em...", com a criação deste blogue;
- Levantamento do património local ligado à República (toponímia, estatuária, edifícios, livros e publicações);
- Visita à Exposição Itinerante da Imprensa da Universidade de Coimbra no Centro de Animação Cultural de Mortágua (Abril de 2010), em que um dos núcleos é dedicado a Joaquim de Carvalho (maçon, republicano e democrata);
- Conferências e entrevistas;
- Participação nas actividades do Dia do Município (13 de Maio), nomeadamente visita à Exposição alusiva aos republicanos de Mortágua;
- Concurso de T-shirts (Março a Junho de 2010);
- Comemoração do dia 5 de Outubro na Escola com diferentes iniciativas...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Criação do blogue "República em Mortágua"








Este blogue surge no âmbito da iniciativa República nas Escolas, promovida pela Comissão Nacional para a Comemoração do Centenário da República (CNCCR).
A participação da nossa escola - Escola Básica 2/3 Dr. José Lopes de Oliveira passará, designadamente, pela inscrição nos concursos escolares e pela divulgação do programa de actividades alusivas ao Centenário, que decorrerão na escola durante o ano de 2010.
Propomo-nos ainda dar a conhecer personalidades republicanas do concelho de Mortágua, assinalar acontecimentos importantes para o município relacionados com as comemorações em curso, publicar notícias, comentários, imagens e outros posts dignos de interesse sobre a República em Mortágua.
Este blogue é dinamizado por alunos e professores  sob a coordenação de um professor orientador. Pretende-se que República em Mortágua assuma uma perspectiva multidisciplinar, pelo que contamos com a colaboração das disciplinas de História, Língua Portuguesa, Tecnologias de Informação e Comunicação, Educação Visual, Educação Tecnológica, entre outras.