terça-feira, 29 de maio de 2012

A educação na Mealhada há cem anos

Pesquisa de Artur Mendonça:

"O Ministério da Instrução Pública, criado em Junho de 1870 por iniciativa de D. António da Costa, durante o curto governo chefiado pelo Duque de Saldanha (Junho a Setembro de 1870), serviu para tentar resolver o grave problema da instrução popular. Quando o Duque de Saldanha foi deposto desaparece o ministério que só volta a ser instituído entre 1890 e Março de 1982.
Até 1913, a “instrução” cruzava domínios de vários ministérios, mas a República que sempre procurara promover o desenvolvimento do ensino primário como um dos seus grandes “sonhos” criou novamente o Ministério da Instrução Pública. Será com o Estado Novo, em 1936, que a designação passa para Ministério da Educação Nacional.
Desde a implantação do regime liberal em Portugal, em 1834, que algumas elites defendiam a necessidade de uma instrução primária generalizada, mas a população de forma genérica permanecia indiferente, quando não hostil a estes avanços. Só quando o crescimento urbano e industrial se acentua é que algumas franjas populacionais sentem a necessidade de mais formação nas primeiras letras. Iniciam-se então cursos de primeiras letras em clubes e associações mutualistas, em regime nocturno ou fora do horário laboral.
Em 1890 o número de professores primários existentes andaria perto dos 4000, em 1910 não chegava aos 6000.Havia ainda as escolas particulares, em número bastante significativo, mas com bastante menos alunos que as públicas.

Palestra do historiador Amadeu Carvalho Homem


No dia 25 de maio, pelas 21:30 horas, teve lugar na Biblioteca Municipal de Mortágua uma palestra proferida pelo Prof. Doutor Amadeu Carvalho Homem, da FLUC, intitulada "Enquadramento histórico-cultural para a Compreensão das Escolas Livres na dinâmica da Propaganda Republicana".
O evento contou com a presença de várias dezenas de pessoas, mortaguenses e não só!
Coube ao Dr. João Paulo Almeida, médico, natural de Mortágua, fazer a apresentação do palestrante, destacando-o como um notável académico, com uma destacada intervenção cívica, que tem dedicado muito do seu trabalho à investigação do Republicanismo em Portugal.
Por sua vez, o Presidente da Câmara destacou o conjunto de iniciativas já organizadas pelo Município de Mortágua no âmbito das comemorações do Centenário da República, lembrando a tradição republicana do concelho, que levou a que fosse considerada na época “a vila mais republicana das Beiras”.

Amadeu Carvalho Homem dividiu a sua intervenção em duas partes:
na primeira parte fez a contextualização histórica acerca das origens do Republicanismo e das escolas livres da Irmânia e Mortágua e, na segunda, respondeu à questão - Porque é que eram tão importantes para os republicanos as questões do ensino e da cultura?
Carvalho Homem debruçou-se, em particular, sobre a Escola Livre da Irmânia (Marmeleira), destacando o papel do seu criador, Basílio Lopes Pereira, fundador do jornal Sol Nascente, que considerou "um lutador pela liberdade"!
No site da CMM podemos ler o resumo da palestra, que transcrevemos:
A Escola Livre da Irmânia e a Escola Livre de Mortágua
O Prof. Doutor Amadeu de Carvalho Homem referiu que o concelho de Mortágua foi precursor na criação das Escolas Livres no Pais, tendo a primeira sido fundada na Irmânia (atual freguesia da Marmeleira), em 1908, e a segunda em Mortágua, em 1919. Depois surgiram outras na região, na Pampilhosa, Mealhada e Oliveira de Azeméis. Esse pioneirismo compreende-se melhor à luz da realidade política do concelho. “Mortágua era uma terra marcadamente republicana”.
E destacou a figura de Basílio Lopes Pereira, que foi o responsável pela criação da Escola Livre da Irmânia, como mais tarde, em 1923, pela criação da Escola Livre de Oliveira de Azeméis, onde veio a exercer funções públicas.

sábado, 26 de maio de 2012

As Mulheres e a República



Clica aqui e descarrega o excelente recurso "República & republicanas",um projeto Faces de Eva. Estudos sobre a mulher, da FCSH da UNL sobre as mais ilustres mulheres republicanas:
Adelaide Cadete, Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz Ângelo, Maria Veleda, Carolina Michaelis e muitas mais.

Rua Basílio Lopes Pereira



O Dia do Município de Mortágua, dia 17 de maio,  foi comemorado, este ano, no Centro Educativo de Mortágua, o qual foi inaugurado nesse mesmo dia.
A cerimónia oficial foi, também, assinalada com a atribuição oficial de denominação toponímica aos arruamentos envolventes ao Loteamento da ex-Cerâmica de Mortágua, onde está localizado o Centro Educativo.
Os novos arruamentos receberam os nomes do Professor Diamantino Pereira de Sousa e do republicano Basílio Lopes Pereira, ambos naturais da freguesia da Marmeleira.

Basílio Lopes Pereira destacou-se como republicano e político na luta contra o Estado Novo, tendo sido perseguido, preso e deportado para o Tarrafal.

Foi ainda Advogado, Autarca e Cidadão activo, empenhado no desenvolvimento da sua terra e das suas gentes. Fundou na Marmeleira, em 1912, o jornal republicano “Sol Nascente” e um ano depois criou uma Biblioteca a que deu o nome de Centro Democrático de Educação Popular. Esteve ligado às Escolas Livres da Irmânia, Mortágua e Oliveira de Azeméis, que desenvolviam actividades de leitura, desportivas e culturais, entre outras.
Foi Administrador do Concelho de Mortágua e mais tarde Administrador do Concelho de Oliveira de Azeméis. Foi um dos republicanos homenageados na exposição “Mortágua Republicana”, em 2010, integrada no Dia do Município e no Centenário da Implantação da República.
Fonte: CMM

terça-feira, 22 de maio de 2012

Revolta de 14 de maio de 1915

Transcrevemos o artigo do blogue Almanaque Republicano:

A revolta de 14 de Maio de 1915, começou por ser uma tentativa de reposição da Constituição de 1911, levada a efeito por um conjunto de militares que vão ser conhecidos como os Jovens Turcos, entre eles destacavam-se Álvaro de Castro, Freitas Ribeiro, Sá Cardoso, entre outros. Este grupo procurava acabar com a ditadura do General Pimenta de Castro, que tinha chegado ao poder ao fracasso das iniciativas governativas lideradas por Bernardino Machado (10-02-1914 a 11-12-1914) e por João de Azevedo Coutinho (12-12-1914 a 25-01-1915) que enfrentou graves problemas como o denominado “movimento das espadas”, quando os militares de várias unidades pelo País, numa atitude de protesto, devido à transferência do então major João Carlos Craveiro Lopes da Figueira da Foz para Lisboa a pedido dos líderes locais do Partido Republicano Português, entregaram aos superiores hierárquicos, as suas espadas e criando assim um ato de indisciplina contra a transferência deste camarada de armas.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Branquinho da Fonseca

Branquinho da Fonseca

A 16 de maio de 1974 morre o escritor mortaguense, Branquinho da Fonseca, filho de Tomás da Fonseca.


 «Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução primária e tenho obrigação de correr constantemente todo o País. Ando no  caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante. Na verdade lembro-me de alguns momentos agradáveis, de que tenho saudades, e espero encontrar outros que me deixem novas saudades. É uma instabilidade de eterna juventude, com perspectivas e horizontes sempre novos. Mas não gosto de viajar. Talvez só por ser uma obrigação e as obrigações não darem prazer. Entusiasmo-me com a beleza das paisagens, que valem como pessoas, e tive já uma grande curiosidade pelos tipos rácicos, pelos costumes, e pela diferença de mentalidade do povo de região para região. Num país tão pequeno, é estranhável tal diversidade. Porém não sou etnógrafo, nem folclorista, nem estudioso de nenhum desses aspectos e logo me desinteresso. Seja pelo que for, não gosto de viajar. Já pensei em pedir a demissão. Mas é difícil arranjar outro emprego equivalente a este nos vencimentos. Ganho dois mil escudos e tenho passe nos combóios, além das ajudas de custo. Como vivo sozinho, é suficiente para as minhas necessidades. Fazer algumas economias e, durante o mês de licença que o Ministério me dá todos os anos, poderia ir ao estrangeiro. Mas não vou. Não posso. Durante esse mês quero estar quieto, parado, preciso de estar o mais parado possível. Acordar todas essas trinta manhãs no meu quarto! Ver durante trinta dias seguidos a mesma rua! Ir ao mesmo café, encontrar as mesmas pessoas!... Se soubessem como é bom! Como dá uma calma interior e como as ideias adquirem continuidade e nitidez! Para pensar bem é preciso estar quieto. Talvez depois também cansasse, mas a natureza exige certa monotonia. As árvores não podem mexer-se. E os animais só por necessidade física, de alimento ou de clima, devem sair da sua região. Acerca disto tenho ideias claras e uma experiência definitiva. É até, talvez, a única coisa sobre que tenho ideias firmes e uma experiência suficiente. Mas não vou filosofar; vou contar a minha viagem à serra do Barroso.»
                               Branquinho da Fonseca, "O Barão"
 
Publicado por  A bem da nação.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Palestra de Amadeu Carvalho Homem

No dia 25 de maio, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Mortágua, o Prof. Dr. Amadeu Carvalho Homem irá proferir uma palestra sobre o tema "Enquadramento histórico-cultural para a compreensão das Escolas Livres na dinâmica da propaganda republicana".
Amadeu Carvalho Homem é professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A sua investigação tem privilegiado a teorização política do liberalismo, da democracia e do socialismo em Portugal, no decurso do período contemporâneo.