sexta-feira, 14 de maio de 2010

Alunos da EB 2/3 e da Secundária de Mortágua representam papéis de Republicanos de Mortágua no Dia do Município

Para a surpresa de todos os que participaram no dia do Município, e após o encerramento oficial da sessão solene e da conferência, três alunos da nossa escola e três da escola secundária, entraram em cena,  caracterizados com fatos, chapéus, laços, gravatas, bigodes...   para desempenhar o papel dos seis republicanos mortaguenses que foram evocados nesta comemoração: Augusto Simões de Sousa, Manuel Martins e Abreu, Albano  Lobo, Tomás da Fonseca, José Lopes de Oliveira e Basílio Lopes Pereira.

Francisco (EB 2/3) e André, (Secundária)
 representam Augusto Simões e Martins e Abreu

Anabela (EB 2/3) representa Albano Lobo

Micael (Secundária) representa Tomás da Fonseca

Rúben (EB 2/3) representa Lopes de Oliveira

Pedro (Secundária) representa Basílio Lopes Pereira


Os textos foram adaptados pela Dra. Teresa Branquinho, directora da Biblioteca Municipal de Mortágua, a partir de excertos de obras dessas notáveis personalidades.
Transcrevemos esses textos: 
      
Augusto Simões  —… Para a Primavera começarei a minha obra: adapto a casa onde nasci, de que aproveitarei as paredes...
Martins  e Abreu — Estás a mangar comigo?
Augusto Simões — Não entendo…
Martins e Abreu — Também eu não entendo; sempre julguei que desejavas fazer uma obra digna da tua fortuna e da tua inteligência.
Augusto Simões — E então?
Martins e Abreu  — E então, entra em ti; nesse algeroz pode ser feita a retrete da escola; esta deve ser feita aqui, defronte da tua residência, neste belo terreno que ali tens; da tua casa verás as crianças no salão a doutrinar-se, e no largo da feira, por baixo das tuas janelas, em brincadeiras; sentir-te-ás orgulhoso da tua obra, e todo o concelho aí verá um grande motivo de respeito para ti e de incentivo pela instrução, trabalho, economia e amor do próximo. Sinto-me incomodado de inveja por não estar em iguais circunstâncias.
Augusto Simões — Minha família não levará a bem…
Martins  e Abreu— Manda a tua família às malvas; a família não se consulta nem se ouve para o que nós julgamos ser o nosso dever moral. É uma providência que não possas vir cá dar um passeio alguns meses depois do teu enterro. Arrancavas os cabelos da alma, e morrias outra vez… e deveras.
Augusto Simões  - És sempre o mesmo crítico.
Martins e Abreu – Deves sempre pensar que é pela instrução que devemos caminhar: Um povo ilustrado facilita o triunfo ao mérito e tem quanta liberdade e felicidade são possíveis.
Augusto Simões  – Esta nossa conversa pode continuar depois do almoço… hoje tenho aí um pitéu…. Mandei fazer as favas que me trouxeste ontem.
Martins e Abreu – Pois, vamos a isso, ainda lá tenho mais que dão para dar e vender. Augusto Simões  – Nunca descansas, andas sempre a trabalhar a terra.
Martins e Abreu – Vou cavando as minhas hortas, podando as vinhas, guardando as cabras, rachando lenha, guiando bois, roçando mato e defendendo os pobres.
Augusto Simões  – Vamos ao almoço que se faz tarde e temos companhia, o nosso amigo Albano.
Albano Lobo - Estava a escutar a vossa conversa… Até te chamam o cavador-panfletário.Martins e Abreu - Deixo tudo por uma boa causa, gosto de andar pelas aldeias, anunciando e defendendo as novas leis da nossa pátria. Gosto de falar do trabalho, da instrução, do amor, da liberdade, da justiça…Labuto nos campos durante o dia, leitura e escrita de noite.Albano – O teu trabalho é digno em todos os aspectos, és estimado e admirado pelo povo de Mortágua. Andas pelas nossas aldeias a ensinar velhos e crianças a amar a República com inteligência e coração.Finalmente a República em Portugal, em Vale de Açores música e foguetes e muitos vivas. Na Vila, que bem a festejámos na loja muitos discursos se ouviram, no fim abrimos champanhe e fizemos muitos brindes à República.
Tomás da Fonseca – Em verdade vos digo…Para a conquista das liberdades públicas, gostosamente me coloco ao lado de quantos, por elas, resolveram bater-se. Que importa que a jornada se nos acabe antes do dia e a de outros se prolongue noite fora? Enquanto juntos, sentiremos o prazer das grandes horas, que são sempre aquelas em que um mesmo objectivo faz esquecer as almas, na aspiração de melhores dias. Sejamos, pois, companheiros de viagem de todos aqueles que procuram ser livres com nobreza. 
Lopes de Oliveira - À liberdade nada pode opor-se. Nós vamos muito distantes na marcha do progresso. Não chegámos ainda ao Constitucionalismo. É mister que no-lo dê a proclamação da Republica. Apostolizemos. Fundemos escolas, promovamos o ensino, fomentemos a riqueza nacional. Trabalhemos, difundamos a luz.E àqueles que de nós se aproximem, não lhe perguntemos d’onde vêm, mas sim onde vão. Não repudiemos ninguém. Sejamos honestos, inquebrantavelmente dignos, e os nossos inimigos irão sendo vencidos pela força aliciante e irresistível da Verdade. Ela dissipará todos os ódios, - e brilhará na hora do nosso resgate, rompendo as trevas seculares, como o mais radiante sol. E que a Republica seja o inicio da alvorada, da eterna aurora das consciências emancipadas, dos povos libertos, do homem soberano, da razão dominadora! É na esperança de que o seja que o conferente, professando um mais amplo credo, por ela hoje apaixonadamente combate.
Basílio Lopes Pereira - Republicanos de Mortágua! Homens livres que desejais para vós e para vossos filhos uma pátria digna e independente; homens cuja alma formosa e rutila, livre e perfeita, vibra na mais intensa fé e na mais acrisolada esperança dum futuro melhor para a Republica Portuguesa e, consequentemente, para Portugal – reparai: Há corvos grasnando perto de vós, que – infames! – anseiam matar a Republica, perdendo o país, e manchar com as suas negras e sinistras asas, a limpidez do vosso carácter: - são os monárquicos. Por isso, republicanos: Vós que tendes sacrificado todos os vossos interesses ao vosso ideal; que tendes defendido a Republica com toda a energia do vosso espírito altivo e com todo o ardor do vosso coração magnânimo, não deixeis de ir ao comício republicano no próximo domingo, pelas 15 horas, 3 da tarde, em Vale de Açores, junto da casa do grande patriota e republicano Senhor Augusto Simões Nunes de Sousa, no qual se discutirá a forma de aniquilar os tiranetes que enxovalham a Republica e destroem Portugal.Ao comício, pois, e – VIVA A REPÚBLICA
TODOS DIZEM - “VIVA A REPÚBLICA!” 

                                                                  

1 comentário:

  1. profª Liliana Antunes14 maio, 2010 12:48

    Os nossos jovens estão de parabéns! Assumiram «como deve ser» o «estilo de época» - início do séc. XX.

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